quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Um apaixonado pela Polícia Militar


 “A farda preta não é uma veste que se despe com facilidade ou indiferença, mas sim uma segunda pele que adere a própria alma.” É com essa frase que Laércio Freitas da Silva, 47 anos, carioca e subtenente do Batalhão de Choque da Polícia Militar (antigo BOPE) do Distrito Federal, inicia sua entrevista.
         Pai de dois filhos adolescentes, separado há oito anos e um amante de tatuagens (possui 17 no total), Laércio Freitas não mede palavras quando o assunto é sua profissão. “Tenho muita honra de ser policial. Não é qualquer um que abre mão de estar com a família para estar nas ruas, na maioria das vezes em lugares sub-humanos, inimagináveis para muita gente.” Apaixonado desde pequeno pela polícia, conta que seu pai era militar do Exército e sempre o influenciou para seguir esta carreira, diferente dele, que não quer que seus filhos sejam policiais.
            Reservado, Laércio não esconde sua indignação quando o assunto são algumas críticas que mídia faz sobre a Polícia Militar. “Você que é estudante de Jornalismo, sabia que existe um jornalista famoso aqui do DF que em suas palestras para estudantes diz o seguinte: "Faltou notícia, pau na polícia"? Não se preocupe se não ouviu, ainda vai ouvir. Afinal, nós é que vendemos jornais.”, desabafa.


O que motivou o senhor a escolher o BOPE?
Sempre quis ser jogador de futebol ou policial. Isso não se explica, se sente. Um pouco se deve ao fato de ser filho de militar, com isso sempre tive contato com armas e também detesto marginais. Desde que entrei na Polícia Militar do DF há quase 22 anos, sempre desejei vestir a farda preta.

Atualmente o BOPE está dividido em 04  companhias e 02 pelotões. Em qual, o senhor se encontra?
O BOPE aqui no DF foi desmembrado em três outros batalhões. Participo do PATAMO (Patrulhamento Tático Móvel) que também faz as funções da companhia de choque.

Como é o dia a dia de um policial do BOPE?
O dia a dia nesta unidade policial é totalmente diferente das demais. Todos os dias estamos em treinamento físico e instruções policiais.

O filme “Tropa de Elite” conta a realidade da sua profissão? O senhor já passou por alguns momentos que os protagonistas do filme passaram?
Acredito que tenha algumas verdades sim. Os momentos parecidos são que aqui vamos atrás das ocorrências e não esperamos nos deparar com alguma.

Aonde o BOPE é mais atuante no DF? O que o senhor acha que deve ser feito pelo governo para que a ação da polícia não se torne uma necessidade naquela região?
Atuamos em todo o DF. A Ceilândia sem dúvida é a mais violenta. Quanto ao governo, é simples: basta investir no social, saúde, educação e lazer. É claro que isso só será possível sem corrupção.

Qual seu maior sonho?
Ver meus filhos vencerem na vida. Quero que eles sejam homens de bem, quem tenham caráter e honra.

Qual foi o momento mais complicado que o senhor passou sendo policial do BOPE?
Confronto com marginais armados em algumas ocorrências.

Quais os aspectos positivos e negativos de ser policial?
Positivo é poder servir e proteger a sociedade. Negativo a meu ver, são as injustiças que nos fazem, principalmente por parte da mídia.

Qual operação realizada mais te marcou? Por quê?
São muitos anos de serviço de rua, fica difícil de apontar apenas uma. A da semana passada, por exemplo, foi muito boa. Prendemos em flagrante, uma quadrilha que havia roubado uma joalheria em Taguatinga. Foram quatro presos e as joias foram recuperadas. Ninguém saiu ferido.

Já sofreu algum preconceito ou constrangimento por ser do BOPE?
Sim. Muitas vezes basta um olhar ou algum comentário que você consegue perceber o preconceito, sabe? Basta um policial fazer algo de errado, que a imprensa coloca em questão uma corporação centenária e de relevantes serviços prestados à sociedade. Graças a Deus e aos meus pais que me deram ótima formação cultural e de caráter, jamais senti vergonha da minha profissão. Sempre honrei e honrarei minha farda.

O senhor já viu alguém morrer ou já matou alguém? Como se sentiu?
Já vi gente morrendo sim. Como me senti? Normal. A outra pergunta me desculpe, mas reservo-me o direito de não responder.

Do que o senhor tem medo?
Medo? Desconheço essa palavra.

O senhor tem vontade de trabalhar em outra cidade?
Por ser carioca e gostar muito do Rio de Janeiro, às vezes fica aquela vontade de combater nos morros cariocas, a verdadeira guerra civil.

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Alimentos com Restrição



    Ficar sem beber leite ou deixar de comer aquele pãozinho no café da manhã é uma tarefa impossível para muita gente. Mas o que fazer quando seu corpo não aceita as proteínas e os carboidratos que esses alimentam apresentam? De acordo com o site brasilzerogluten.com.br, 1% da população mundial é celíaca ( nome dado as pessoas com intolerância ao glúten)  e  cerca de 35  a 40 milhões de adultos brasileiros tem perturbações digestivas após a ingestão de um copo de leite.  Esta reportagem mostrará um pouco sobre a vida de pessoas que possuem alergia a essas proteínas e carboidratos, além de explicações profissionais e dicas de quem trabalha neste ramo alimentício especifico.  
Verônica Amaral, 17 anos, estudante, conta que é difícil ser celíaca. “É muito complicado, sabe? É trabalhoso achar algum alimento que não tenha a proteína, principalmente pra lanchar na rua. O mais comum é o pão de queijo, mas de tanto comer eu acabei enjoando. Eu tento buscar outras coisas, mas infelizmente é muito difícil de dar uma "variada no cardápio" pela falta de produtos para celíacos. O único problema é que o preço desses produtos é elevado e não é em qualquer lugar que se encontra. É difícil ter que resistir às tentações, mas com o tempo você acaba se acostumando”, desabafa. O glúten é encontrado na aveia, na cevada e no trigo. Essa proteína quando em contato com a água e por meio de movimentos, se torna elástica. Durante o crescimento da massa, quando o fermento produz o gás carbônico, a proteína se estende sem se romper, resultando em uma massa crescida e leve.
“Eu era muito novo, tinha oito anos no máximo. Estava comendo strogonoff e minutos depois comecei a ter vômitos. Durou quase duas horas, foi horrível”, diz Renato Melo, 22 anos, estudante de Comunicação Social.  “O tratamento foi imediato, tomei alguns remédios e hoje estou bem melhor, mas não posso exagerar no leite e nos seus derivados, se não acabo passando mal”, explica. Este não é um caso raro, segundo uma pesquisa da Unicamp, pelo menos 40% da população brasileira tem algum tipo de desconforto ou problema digestivo ao ingerir a lactose. Existem dois tipos de intolerância: primária, onde o paciente não tem a enzima lactase, que é responsável por hidrolisar a lactose em galactose e glicose, ou seja, o organismo se torna incapaz de digerir de forma adequada a lactose presente nos alimentos. A segunda é chamada de secundária e ocorre devido a alguma patologia.
      A nutricionista Isabel Silveira Lima, 22 anos, conta que já atendeu alguns pacientes celíacos e com intolerância à lactose. “No começo a adaptação é difícil, mas com o tempo o paciente se adequa ao novo hábito de vida e acaba se tornando fácil, pois ele percebe a melhoria de sua saúde. Hoje em dia, existe uma grande variedade de produtos para pessoas com esse tipo de alergia, o que facilita no tratamento”, explica. Os sintomas mudam de pessoa para pessoa e de acordo com a quantidade ingerida de leite e de­rivados. As manifestações em ambos os casos ocorrem geralmente com a diarreia, flatulências, desconforto e dor abdominal, vômitos e perda de peso. Estes sintomas poderão aparecer minutos ou horas após a ingestão desses produtos. A velocidade depende da movimentação intestinal.
     Além de evitar os produtos com cereais que contém glúten, os celíacos devem estar atentos aos rótulos dos alimentos industrializados. Também não é permitida, a ingestão de leite maltado, queijos fundidos, cervejas e uísque. Para substituir as fontes de glúten, pode-se usar as farinhas derivadas de milho, arroz, mandioca, batata e araruta. Em produtos caseiros, pode-se substituir a farinha de trigo pela mistura de 1 kg de farinha de arroz, 330 g de fécula de batata, 165 g de araruta ou 3 xícaras de farinha de arroz, 1 xícara de fécula de batata e ½ xícara de polvilho doce. Essa dica é da Associação dos Celíacos do Brasil (www.acelbra.org.br).
     Magno Paulo, 23 anos, gerente do restaurante francês específico em alimentos com restrição Alice Brasserie, localizado no Lago Sul – DF, conta que preza o luxo e o bom gosto no estabelecimento. “Aqui recebemos um público de classe alta. O restaurante Alice, foi o único estabelecimento da cidade a entrar na edição brasileira do livro de Patrícia Schultz: 1000 lugares para conhecer antes de morrer. Também possuímos uma biblioteca com mais de 400 livros de culinária de todo o mundo”, conta. O restaurante possui pratos como raviolli de queijo, que de acordo com Magno é o mais pedido por pessoas intolerantes. Risoto de champignons e coxas de pato são os preferidos dos celíacos.